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Andamento do trabalho

6 de fevereiro de 2010

Dia 5 de fevereiro, tive a oportunidade de discutir no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento algumas reflexões preliminares sobre o desenrolar dos acontecimentos em Porto Príncipe nos dias que sucederam o terremoto. O auditório estava cheio, e após uma descrição etnográfica do que vimos, e de algumas reflexões, o debate foi vivo e entusiasmado. O interesse do público deixou clara uma especial sensibilidade para a situação deste país. No momento, estou elaborando um texto mais completo sobre o terremoto, que deve ser publicado em Novos Estudos Cebrap com fotografias de Cris Bierrenbach. Também nos perguntaram sobre o faremos a partir de agora. Bom, estamos fazendo muitas coisas e, na medida do possível, iremos informando sobre os passos da equipe.

O projeto sobre o impacto do terremoto nas instituições de ensino superior está a todo o vapor, e esperamos ter um relatório até o final de fevereiro. Seguimos fazendo um trabalho prático, tentando que alguns recursos cheguem diretamente aos afetados, e promovendo a reunificação familiar.

E daremos continuidade a algo que já iniciamos no ano passado.

Um dos propósitos do nosso trabalho era disponibilizar para o leitor brasileiro obras clássicas do pensamento haitiano. Estamos concluindo a tradução do volume maravilhoso de Jean Price-Mars, Assim falou o tio, publicado originalmente em 1928 e que em breve será publicado em português com tradução nossa. Do mesmo autor, publicaremos também o opúsculo “A vocação da elite”, que veio a público originalmente em 1919, e estamos organizando uma coletânea de textos de Antenor Firmin (Da igualdade natural das raças humanas) e Thomas Madiou (História de Haiti), ambos autores do século XIX.

Nosso propósito é que um maior número de pessoas tenha acesso à produção intelectual deste país que nos fascina e entusiasma.

Prá já, recomendamos a todos os interessados os seguintes romances: O reino deste mundo, de Alejo Carpentier, e Os farsantes, de Graham Green – ambos publicados em português. E não deixem também de ler Os jacobinos negros, C.R.L. James.

Omar Ribeiro Thomaz

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Projeto relâmpago em andamento

3 de fevereiro de 2010

Os terremotos do último dia 12 de janeiro no Haiti tiveram efeitos devastadores na capital do país, Porto-Príncipe. As vítimas mortais já alcançam o número de 150.000 indivíduos, mas o provável é que nunca saibamos o número exato de mortos. A eles devemos somar os milhares de feridos e desaparecidos.

Particularmente forte na capital do país, os efeitos sobre as instituições que garantem o seu funcionamento foram calamitosos. O Palácio Nacional, a catedral, o centro civil de operações da ONU, hospitais, escolas, universidades, centrais de rádio e TV, bancos, correios vieram abaixo. Em escolas e instituições de ensino superior os efeitos foram particularmente dramáticos: o terremoto foi no segundo dia após o retorno às aulas, e muitos estudantes encontravam-se nas instalações de ensino. Para além do ainda incontável número de escolares mortos nas instituições de ensino básico e médio, dos 3.000 estudantes matriculados na Universidade do Estado, a principal do país, fala-se de cerca de 1.000 mortos, e não temos clareza quanto aos efeitos do terremoto no conjunto do corpo docente e funcional e nas instalações físicas da universidade

A reconstrução do país exigirá um imenso esforço não apenas da comunidade internacional, mas muito particularmente das instituições e capacidades haitianas. Entre elas destacamos aquelas voltadas ao ensino superior. Estamos trabalhando num diagnóstico dos efeitos do terremoto nas instituições de ensino superior da capital haitiana. Somente com uma sistematização preliminar poderemos propor políticas que favoreçam distintas formas de intervenção e cooperação junto a este setor particularmente atingido.

Queremos sistematizar informações para favorecer a não interrupção dos estudos por parte de estudantes haitianos que subitamente perderam suas salas de aula, suas bibliotecas, seus laboratórios. A reconstrução do país exigirá um esforço tremendo de todos, em particular destes futuros profissionais. Na medida em que formos alcançando resultados, disponibilizaremos os dados neste blog, sempre esperando contar com os comentários e sugestões de vocês. Outros projetos já estão também em andamento, e sobre eles publicaremos informação proximamente. Temos uma imensa dívida com o Haiti e com os haitianos. Dívida que jamais será devidamente paga. Tentaremos, com nosso trabalho, contribuir com a reconstrução.

Omar Ribeiro Thomaz